Um grupo de produtores de caju do município de Serra do Mel, distante 256 km de Natal, enviou na última segunda-feira (09) o primeiro carregamento de caju para o estado de São Paulo. Ao todo, foram comercializadas nesta primeira carga 5.260 kg, numa negociação que representa a consolidação e o fortalecimento da cajucultura do município, resultado do trabalho do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RN) nos últimos anos.

A carga de caju foi vendida para a empresa Frutamina, sediada em São Paulo. Quem ajudou a intermediar o diálogo entre produtores de Serra do Mel e a compradora foi o engenheiro agrônomo e técnico de campo Orlando Eduardo, que atuou nos projetos Agronordeste I e Agronordeste II, do Senar-RN,  junto aos cajucultores do município.

O engenheiro agrônomo explica que esses projetos ajudaram a fortalecer a cajucultura de Serra do Mel, uma vez que as ações técnicas e gerenciais realizadas proporcionaram aos produtores o conhecimento teórico e prático a respeito da cadeia produtiva.

“Aprender a fazer os tratos culturais, as podas corretas, o controle das plantas daninhas, aprender a conhecer e diagnosticar as principais pragas, conhecer as deficiências nutricionais e saber como corrigi-las, esses são alguns ensinamentos repassados aos produtores. Na parte gerencial, o produtor tem o acompanhamento dos seus gastos, das suas despesas, de quanto está sendo investido, quanto está entrando”, explica o técnico a respeito de como funciona a metodologia da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar.

O presidente do Sistema Faern/Senar, José Vieira, falou da alegria que é ver o trabalho do Senar promovendo resultados positivos e mudando a realidade dos produtores rurais de Serra do Mel.

“É gratificante ver o resultado do trabalho do Senar se materializando de forma tão significativa. A comercialização de mais de cinco toneladas de caju para São Paulo é um marco importante para os cajucultores de Serra do Mel e reforça que estamos cumprindo a nossa missão de transformar a realidade no campo. Ver produtores que receberam nossa assistência conquistando novos mercados é a maior prova de que o Senar está no caminho certo, promovendo o desenvolvimento sustentável e gerando oportunidades”, destacou José Vieira.

José Vieira, presidente do Sistema Faern/Senar: “Estamos cumprindo a nossa missão de transformar a realidade no campo” | Foto: Diego Campelo (Senar-RN)

ATeG

Todos os produtores envolvidos na comercialização do caju para São Paulo integraram os projetos Agronordeste I e Agronordeste II. O projeto consiste no acompanhamento dos produtores por um técnico de campo durante dois anos seguidos. Nesse período, são fornecidas orientações técnicas e gerenciais de forma gratuita, a fim de elevar os resultados produtivos.

A primeira fase (Agronordeste I) ocorreu entre 2020 e 2022, quando foram atendidos 30 cajucultores; a segunda (Agronordeste II) iniciou em 2022 e foi finalizada em julho passado, sendo 20 produtores assistidos. Ao todo, nos dois projetos, o Senar atendeu a 50 produtores só no município de Serra do Mel.

Além disso, atualmente estão sendo atendidos 7 produtores no Agronordeste III, pelo técnico em agropecuária Hiago Alexandre e em breve serão assistidos mais 240 no projeto ATeG Total.

Comercialização

Conforme explica Orlando Eduardo, após a Assistência Técnica e Gerencial do Senar, os produtores começaram a observar um aumento na produção, bem como na qualidade dos produtos. No entanto, havia um gargalo, que era o da comercialização.

“Os produtores não tinham como escoar e isso me frustrava como técnico e os frustrava como produtores. Então, como este ano eu tive produtores que produziram caju praticamente o ano inteiro, produzindo até no inverno, eu fazia algumas postagens em grupos específicos voltados para a cajucultura, então isso chamou a atenção de alguns compradores de caju em âmbito nacional”, explica.

No centro, técnico de campo Orlando Eduardo com cajucultores de Serra do Mel | Foto: Cedida

Após algumas visitas de representantes da Frutamina a Serra do Mel, a parceria foi fechada, sendo o primeiro carregamento enviado para São Paulo na segunda-feira (09). “Hoje estamos colhendo os frutos. Destaco também a ajuda de Thiago Freitas (presidente da Câmara Municipal), que cedeu o local onde a gente faz a recepção desse caju, seleção, triagem, embalagem e acondicionamento”, destaca o engenheiro.

Após assistência do Senar, produtores tiveram aumento na produção e melhoraram a qualidade dos produtos | Foto: Cedida

Orlando acrescenta que a tendência é que outros produtores que já receberam assistência técnica do Senar também integrem o grupo de comercialização de caju para o estado do Sudeste.

“Como os produtores que foram atendidos por mim, por meio do Senar, já tinham a orientação técnica, então esses frutos foram se encaixando mais rapidamente. Então, tem produtores que foram atendidos no Agronordeste 1 e 2 que estão se beneficiando com essa venda de caju para São Paulo. E a tendência é que esse número aumente”, finaliza.