Reunir empresários e representantes do agronegócio potiguar para entender as demandas e buscar soluções necessárias para desenvolver o setor. Esse é o objetivo do Conselho do Agro, instalado nesta terça-feira (18) pela Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Faern). De acordo com José Vieira, presidente da Federação, o Conselho chega em um momento onde é preciso compreender as necessidades dos vários segmentos que compõem o agronegócio potiguar em meio a pautas importantes, como as discussões em torno da taxação da água bruta, segurança para produção no meio rural e outras. O conselho tem 24 integrantes de oito entidades que representam os produtores no setor.

Estão representadas, de acordo com a Faern, as seguintes cadeias: carcinicultura, fruticultura, pecuária, agroindústria, caprinovinocultura, agricultura, piscicultura, equinocultura e avicultura. A instalação do conselho ocorreu em um evento realizado no Sebrae na manhã desta terça-feira (18). O encontro contou com a participação do diretor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Bruno Lucchi, que discorreu, por videoconferência, sobre temas como o cenário do Brasil e do mundo e a reforma tributária no âmbito do agronegócio.
José Vieira, presidente da Faern, pontuou que a criação do conselho vai priorizar as pautas mais importantes do setor, no sentido de compreender os gargalos e buscar soluções para eles. “Considero que nossas pautas principais hoje são a questão ambiental, cobrança da água, assistência técnica e estradas. Temos inúmeros problemas relacionados às vias estradas para escoar nossa produção”, discorre José Vieira.
“A Federação já vinha pensando no conselho há muito tempo, como um espaço onde nós pudéssemos reunir os empresários de todos os setores e de algumas entidades para discutir as pautas do agro, que tem uma responsabilidade muito grande no Estado. É uma forma de convergir algumas pautas semelhantes e entender as diferenças, porque a demanda de um produtor que está no Seridó nem sempre é a mesma de quem está no Agreste”, completa Vieira.
O conselho terá reuniões bimestrais (a próxima ocorre em setembro) e pretende, já no próximo encontro, avaliar possíveis resultados de demandas. Hoje [terça-feira] é a instalação do Conselho e daqui a dois meses nos reuniremos novamente para analisarmos os encaminhamentos das demandas e também para voltar a ver o que o setor precisa”, afirma Vieira.
Segundo ele, o funcionamento do conselho é simples. “Qualquer membro, sem burocracia, tem direito a fazer sugestões”, explica. “Não existe uma regra específica. Estamos aqui para escutar o setor como um todo para que nós possamos buscar as soluções que forem demandadas. Essa articulação é uma necessidade que a Federação sentiu para democratizar as discussões do agronegócio potiguar. Queremos fazer um intercâmbio de todos os segmentos”, prossegue José Vieira.
Ele comenta que as soluções demandadas serão pleiteadas junto ao Governo do Estado. Vieira avalia que a relação junto ao Executivo estadual tem sido positiva, a exemplo do andamento do diálogo referente ao monitoramento de invasão de terras no Rio Grande do Norte. Em abril, a TRIBUNA DO NORTE publicou que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) planejava invadir 11 terras no RN.
A Faern chegou a reunir representantes do Governo para debater o risco de invasões. “Nos reunimos com a Secretaria de Agricultura e as forças de segurança, que levaram nossas preocupações ao Governo. Recebemos a garantia de que terras produtivas não seriam invadidas e isso vem se cumprindo até o momento. Acredito que esta é uma questão controlada. Vamos torcer para que a gente possa ter paz e tranquilidade para continuar a produzir no Estado”, sublinha.
Setores buscam reverter gargalos e planejar futuro
Para empresários e representantes do setor produtivo, a criação do conselho vai permitir um olhar mais atento na busca por soluções para cada segmento. Orígenes Monte Neto, presidente da Associação Norte-riograndense de Camarão, diz que o Estado possui vários gargalos que prejudicam o setor. Ele defende, no entanto, que todo o agronegócio seja contemplado com soluções que permitam a geração de emprego e renda.
“No caso da carcinicultura, especificamente, vivemos um momento de concorrência com outros países e precisamos de competitividade. Não podemos sair pagando mais imposto, por exemplo. Temos um estado pesado, com uma questão ambiental que às vezes prejudica o agro e uma pauta ideológica que vem contra, de vez em quando, aos interesses do setor. Hoje, estamos aqui para juntar forças e gerar mais emprego e renda”, diz sobre o conselho.
Para o diretor da Cooperativa dos Aquicultores do RN (Cooarn), Emerson Caldas, o segmento precisa de planejamento para se recuperar dos efeitos da pandemia de covid-19, que ainda afeta produtores. O conselho, aponta Caldas, será fundamental para isso. “Estamos tentando rever ações ainda por conta da pandemia, que provocou reflexos nos nossos custos de operação. A ração representa até 85% desses custos e o aumento no saco [de ração] foi de 100% com a crise sanitária, passando de cerca de R$ 40 para R$ 80. Mas não teve aumento para o consumidor final e isso gera um reflexo muito negativo para o produtor. Com o conselho, esperamos que a cadeia se organize para que a gente planeje o futuro”, frisa Caldas.
Para o empresário Francisco Veloso, da Fazenda Tapuio, de Taipu, uma das demandas mais importantes da agroindústria, segmento em que atua, é o estímulo à competitividade. “Empreender no semiárido e ser competitivo no cenário mundial é muito difícil. Então, acho que o conselho é bem-vindo nesse sentido. Especificamente na minha área existe uma demanda sanitária, com a questão da gripe aviária que já teve focos identificados no Brasil. Tem também a questão tributária. A gente precisa ter uma equivalência [tributária] a dos estados vizinhos para que sejamos competitivos”, destaca.
FONTE: COM INFORMAÇÕES DO JORNAL TRIBUNA DO NORTE 
IMAGENS: FAERN/SENAR